Por que as mulheres devem celebrar o Dia das Bruxas até hoje?
A imagem conta com o desenho de uma mulher bruxa com chapéu e segurando uma vela. Em destaque, está escrito: "O que significa celebrar o Dia das Bruxas"?

O Dia das Bruxas, comemorado em 31 de outubro, simboliza muito mais do que uma festa temática conhecida ao redor do mundo como Halloween. É justamente neste dia tão simbólico, que inauguramos o nosso Blog Houhou. Neste primeiro post, quero te contar a importância desta data para nós que acreditamos na conexão com a natureza e com os nossos saberes ancestrais com a pergunta: por que o Dia das Bruxas deve ser comemorado entre nós mulheres?

Veste o chapéu e vem.

A histórica Caça às Bruxas

Por cerca de 4 séculos ao longo da Idade Média, mulheres que se conectavam com a terra, percebiam seus ciclos de acordo com as fases da Lua e dominavam as propriedades de cura das plantas, foram taxadas como loucas por dominarem a arte do que foi chamado de “maligno sobrenatural”.

De acordo com a lógica da época (não muito diferente dos dias de hoje), portar um conhecimento fruto de sua conexão com a inteligência cósmica era insanidade.

Por isso, centenas de milhares de mulheres selvagens e livres, cuja única “maldição” era portar estes saberes, foram perseguidas, torturadas ou queimadas vivas em fogueiras. Chamadas de bruxas, elas foram obrigadas a viver escondidas, queimar seu conhecimento e temer seu poder.

O feminino como sagrado

Milênios antes desta “caça às bruxas” imposta pela Inquisição e o patriarcado, as mulheres viviam em sociedades chamadas matrifocais, em que o feminino não era só respeitado como venerado.

Elas tinham papéis relevantes nas sociedades: erveiras, sacerdotisas, curandeiras, parteiras, médicas… Pois, como conhecedoras dos mistérios da vida se tornavam protetoras da própria vida.

Desde o período Paleolítico, há 40 mil anos atrás, já existem evidências arqueológicas do culto à Deusa como a primeira representação divina e como o princípio criador da vida, como símbolo dos ciclos da vida-morte-renascimento e de profunda reverência aos mistérios. 

Diferente do patriarcado, se havia ali um profundo respeito à natureza e consequentemente ao feminino como energia psíquica, presente em todos os seres independente de gênero.

Parece um sonho, né? E por isso, quando falamos de bruxaria é preciso honrar essa história.

Nem só no passado estão nossas lutas

É impressionante flagrar que a forma como se enxerga a mulher e a magia ainda hoje está enraizado em opressão: a mulher livre como ameaça, o destino biológico do corpo reprodutor, a aniquilação da ciclicidade, o medo do ocultismo, a domesticação da alma selvagem, a alienação parental, a diferença salarial, a opressão ao corpo-mulher, a desvalorização dos trabalhos ditos femininos… uma lista grande.

Fora o preconceito religioso e cultural que assola tribos indígenas, terreiros de candomblé, dentre outras manifestações de crenças. Este reflexo do pensamento da superioridade patriarcal faz com que a diversidade da demonstração dos nossos saberes e valores, que trazem o sentido maior da vida em sua pluralidade, seja deslegitimada a todo o momento.

Cinco mil anos depois, as fogueiras são outras, o patriarcado encontra novas formas de alimentar nossa sensação de inadequação, de não sermos boas o suficiente. De muitas vezes, ainda não sermos dignas da vida.

Bruxas não foram só mulheres da história antiga. Elas estão aqui hoje, novas faces e lutas pro mesmo arquétipo.

A “bruxa está solta” ser sinônimo de azar já nos mostra o quanto ser uma mulher livre é perigoso. Porém, minha linda, ao contrário daqueles que querem nos calar, quero que você sempre se lembre: bruxa é um estado de poder.

Ser bruxa é um lugar de resgate e de resistência

Eu não sei o que faz a mulher ser tão resiliente, se é esse poder tão temido, se é amar sem temer, se é a habilidade intuitiva, se é a força que não querem que conheçamos…  Mas eu sei que é só por isso que estamos aqui contando e reescrevendo essa história. Quando mexo meu caldeirão, eu dedico a isso.

Um poder que nos foi proibido, demonizado. Mas que é um dom divino. A principal arma é esse reencontro com a magia em nós de revolucionar a nossa vida e nosso entorno, essa potencialidade tão libertadora e por isso mesmo, tão temida.

Por isso, o Dia das Bruxas representa a celebração dos nossos saberes naturais ainda estarem vivos e preservados. É um lembrete de que estamos aqui hoje perpetuando um legado que custou a vida de centenas de milhares de mulheres: nossas ancestrais, que foram apagadas da história mas não das nossas células.

Seguimos juntas!


Para celebrar esta data com ainda mais potência, não esqueça de fazer o ritual de Dia das Bruxas que postei no meu perfil do Instagram com muito amor e magia para você!

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